Pesquisa aponta relação entre música intensa e saúde mental

Preferência por ritmos intensos pode ter efeitos no nível de bem-estar

Imagem: PublicDomainPictures por Pixabay

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em parceria com outras instituições de ensino nacionais e internacionais, exploraram os efeitos indiretos da preferência por ritmos musicais intensos, como rock, heavy metal, punk, entre outros, na saúde mental, em pesquisa que acaba de ser publicada em revista internacional.

Muitas pesquisas já exploraram a relação entre a preferência por música intensa e saúde mental. No entanto, os resultados, até agora, não mostravam se essa preferência predizia direta ou indiretamente a saúde mental. Para verificar a natureza dessa relação, o estudo “Indirect effects of preference for intense music on mental health through positive and negative affect” foi realizado e os resultados publicados este mês na revista Psychology of Music.

A metodologia da pesquisa consistiu na aplicação de questionários que foram distribuídos através das redes sociais. As perguntas utilizaram escalas para avaliar o nível de satisfação com a vida, afetos positivos e negativos, além da Escala de Avaliação de Estresse, Depressão e Ansiedade (DASS), Escala Abreviada de Preferência Musical (STOMP), utilizando o fator chamado música intensa, e um instrumento de avaliação do neuroticismo (estabilidade emocional). No total, o estudo contou com a participação de 268 usuários, na faixa etária de 18 a 63 anos.

Para o professor do Departamento de Psicologia da UFMT e um dos autores do estudo, Renan Monteiro, a pesquisa tem motivação no impasse existente na literatura sobre o papel da música na saúde mental, alguns estudiosos apontam influência, outros não. “O que nós fizemos foi testar se a preferência por ritmos intensos se relaciona de maneira direta ou indireta com a saúde mental, verificando o papel mediador dos afetos”, explica.

“Nós concluímos que a preferência por ritmos musicais intensos, como o heavy metal, rock, punk, entre outros, pode influenciar a saúde mental, mas de maneira indireta, através dos afetos negativos, que são a tristeza, raiva, preocupação, etc. Ouvir música intensa frequentemente é um processo cumulativo que pode aumentar os afetos negativos e diminuir os afetos positivos, podendo ter repercussão na nossa saúde mental”, esclarece o pesquisador.

Apesar da recente descoberta, o docente ressalta que a pesquisa não deve abrir precedentes para generalizações, mas caminho para novas análises que abordem variáveis não exploradas pelo referido estudo e que possam contribuir para o entendimento dos efeitos da música na saúde mental. “No artigo, discutimos algumas possibilidades, uma delas é estudar pessoas que são fãs desses ritmos [música intensa], porque a nossa amostra foi composta por pessoas em geral”.

Sobre os impactos da descoberta, Monteiro destaca que além de contribuir para a antiga discussão da influência da música na vida das pessoas, o estudo também serve aos profissionais da psicologia. “Do ponto de vista clínico, os nossos achados podem ajudar psicólogos que trabalham com intervenções relacionadas a música, verificando como as pessoas a utilizam para a regulação emocional”, acrescenta Renan.

Também contribuíram para o trabalho o estudante de graduação em Psicologia da UFMT, Wilker Andrade, Carlos Pimentel, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Gabriel Coelho, da University College Cork, na Irlanda, e Roosevelt Vilar, da Massey University, na Nova Zelândia.

Confira a publicação da pesquisa.

Para mais informações, acesse o site e o Instagram.

*Publicado originalmente no site da Universidade Federal de Mato Grosso

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Michael Esquer
Matérias publicadas no site da Universidade Federal de Mato Grosso

Bacharelando em Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso (sand. UDFJC/COL) “Quem não cuida de si que é terra, erra” 🏳️‍🌈